Ligando entrevista a José Rodríguez Cao, atual vereador e portavoz do Partido da Terra de Lousame
José Rodríguez Cao é vereador e portavoz do Partido da Terra de Lousame desde junho e deixará essa responsabilidade em poucos dias. É de Frojám (Vila Cova) e trabalha no serviço de prevenção de incêndios forestais. Formou-se como capataz agrícola no Centro de Experimentação Agroforestal de Sergude e tenta recuperar as diversas variedades tradicionais de Lousame para o seu cultivo ecológico.
Como é a composição de vereadores do concelho de Lousame e em quem recai o de ser alcaide?
A corporação de Lousame tem 11 vereadores, dos quais 6 são do PP, 3 do PSOE, 1 do Partido da Terra de Lousame e outro do BNG. A Alcaidessa, com dedicação exclusiva e um salário totalmente desproporcionado para alguém que trabalha principalmente para os interesses do seu partido, é Teresa Villaverde Pais, que já teve outros altos cargos na administração do PP, incluíndo o de deputada autonómica.
Como foi a experiência de fazer a campanha e a informação escrita para a vizinhança em reintegrado com a normativa AO?
De absoluta normalidade. As pessoas em Lousame estão já afeitas à diversidade e liberdade de escolha ortográfica e ninguém se surpreende já dos escritos do Grupo Municipal e doutras associações do município que utilizam igualmente o Acordo Ortográfico. A administração também teve que assumir como normal a nossa prática ortográfica desde o primeiro dia, e nunca foi objeto de questionamento. De qualquer forma, em um município como o nosso, também é certo que a maior parte da interação é oral e ao vivo, na que as ortografias nada importam.
Explica nos um pouco a vossa peculiar forma de ostentar a representação dos dois vereadores obtidos por Terras de Lousame? Por quê fazes rotações cada 6 meses? Que diz a gente de tal coisa?
Em nenhum momento pretendemos representar os outros vizinhos e vizinhas, mas reivindicar o nosso direito coletivo de nos autogovernar. É por isso que na maioria dos plenos sentamos na banca do público, onde se supõe que a vizinhança só pode ver, ouvir e calar. Também vimos rotando cada quatro meses aproximadamente, e de facto eu sou o terceiro vereador a entrar nesta legislatura. Pretendemos que toda a lista possa entrar, e com isso que todas tenham a oportunidade de intervir diretamente. Como a lista foi composta de pessoas das distintas paróquias, a rotação garante que em certa altura haverá um vereador da paróquia. De qualquer jeito, a pessoa que tem essa responsabilidade em um dado momento não tem autonomia ou poder especial, pois deve atuar conforme o mandato imperativo que sobre o cargo exerce a assembleia vizinhal.
Depois de case 2 anos trabalhando no instituição municipal que conclusões positivas e negativas sacardes?
O Concelho de Lousame é um caso extremo das práticas autoritárias frequêntes em muitos municípios, de qualquer “cor” partidária, polo que a margem de ação “institucional” é praticamente nula, e nem a mais básica legislação sobre direito de aceso à informação ou participação política é respeitada. Há solicitudes de informação registradas em junho de 2015 que nunca se atenderam e moreas de moções que a Alcaidessa se negou a incluir nos plenos. Mas nós sempre entendemos o nosso trabalho como “anti-institucional”, procurando movimentar a vizinhança e criarmos ferramentas autónomas de autogoverno comunitário, que em muitos casos são já uma realidade num município com mais de 30 comunidades de montes.
Actualmente estardes imersos num movimento encontra da instalação dum vertedoiro de resíduos industriais. Podes explicar nos um pouco que pretendem fazer e qual é a situação actual?
A mais recente atrocidade ambiental que se quer perpetrar em Lousame consiste num macrovertedoiro de resíduos industriais que pretende colmatar 20 hectares de monte de singular valor ambiental e grande importância ecossistémicas polos seus aquíferos, com quase um milhão de toneladas em 10 anos. Ficamos surpreendidos e orgulhosos com que a vizinhança se organizara numa Plataforma potente que está dando passos decididos para frenar o projeto, e nestas semanas intensas tentamos ajudar em todo o possível. A vergonhenta negativa de PP e PSOE de apoiar a moção da Plataforma contra o vertedoiro evidencia os seus interesses, que estão bem longe dos da vizinhança.
Quê é o que pode fazer qualquer pessoa para apoiar a vossa causa?
O vertedoiro é um projeto que afecta não apenas as paróquias de Lousame, mas a toda a comarca e paróquias vizinhas. É mais um dos projetos destrutivos que as cloacas político-empresariais querem impor aos “indígenas” em troca de migalhas e que implicam a destruição dos modos de vida tradicionais e das possibilidades de sobrevivência nas nossas comunidades. Todas as pessoas e coletivos podem implicar-se colaborando com as associações que estão formulando alegações e preparando futuras ações legais.